A alimentação é o que mais pesa na pegada ecológica de Portugal
Saldo entre a pegada ecológica e a capacidade de regeneração dos recursos naturais coloca seis municípios portugueses sempre no papel de devedores. Concelhos do interior querem ser compensados pelo desempenho produtivo.
Saldo entre a pegada ecológica e a capacidade de regeneração dos recursos naturais coloca seis municípios portugueses sempre no papel de devedores. Concelhos do interior querem ser compensados pelo desempenho produtivo.
Viver à volta de um prato
Não é surpreendente que os municípios com mais população sejam aqueles com maior peso na pegada nacional: Vila Nova de Gaia, Almada e Guimarães representavam, respectivamente, 2,9%, 1,7% e 1,4% da pegada ecológica de Portugal, em 2016. E que a biocapacidade seja mais elevada nos concelhos com vasto manto florestal e agrícola. Castelo Branco e Bragança são, por isso, os que mais contribuem para o total nacional, com 0,9% e 0,7%, respectivamente.
O que não era esperado, diz Sara Moreno Pires, coordenadora científica do projecto e professora na Universidade de Aveiro, eram as elevadas pegadas ecológicas nestes dois municípios interiores. Um cidadão de Castelo Branco precisa de 4,02 gha – e um de Bragança de 4,01 gha – de área produtiva para suportar o seu estilo de vida. Em média, os portugueses precisam de 3,94 gha por pessoa.
Isto explica-se pelo que os cidadãos colocam no prato. Bragança tem uma pegada ecológica na alimentação 19% superior à média nacional (1,27 gha, quando a média é 1,16 gha). E a alimentação já é, para todo o país, o elemento que mais pressão traz aos ecossistemas. “Os nossos padrões de consumo são de tal forma similares nas zonas urbanas que o impacto que a interioridade poderia ter é diluído”, diz a investigadora da Universidade de Aveiro.
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