A reorganização dos ciclos de ensino e o fim do 2º ciclo (5º e 6º anos) voltam a estar em cima da mesa, após a recomendação feita pela presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE) Maria Emília Brederode Santos.
“Seria de repensar a organização do Ensino Básico, designadamente a velha questão do 2º ciclo (um ano para entrar, outro para sair), dadas as dificuldades assinaladas nos anos de transição”, afirma no prefácio do relatório ‘Estado da Educação 2017’, que é esta quarta-feira apresentado.
Segundo o relatório, nos anos de transição de ciclo há mais dificuldades e as reprovações aumentam. Questionada pelos jornalistas, a líder do CNE disse que o 2º ciclo “não faz sentido” e lembrou que nenhum país tem um formato igual ao português. Recorde-se que a reformulação dos ciclos de ensino constava do programa eleitoral do PS.
A dirigente propõe ainda uma solução para as mudanças curriculares feitas ao sabor dos partidos no poder. “Urge institucionalizar um corpo de profissionais de desenvolvimento curricular que procedam a revisões regulares, periódicas e sistemáticas dos programas”, defende. O relatório destaca os progressos da última década, mas também o que falta fazer.
A taxa de retenção em 2017 foi a mais baixa da década, mas ainda há 30% de alunos que chumba uma vez até aos 15 anos.
Apoio com tutorias chegou a 24 mil alunos
O Apoio Tutorial para alunos dos 2º e 3º ciclos do Ensino Básico que acumulem duas ou mais retenções envolveu 24 737 jovens e 2708 tutores. Os dados de 2016/17 referem que a maioria destes professores recebeu formação específica para o efeito.
O relatório do CNE indica que nos 663 agrupamentos/escolas que integram o Programa Nacional de Promoção do Sucesso Escolar registou-se uma descida da retenção, em especial no 9º ano.
Ensino Secundário ganha 55 mil alunos
O Ensino Secundário ganhou 55 mil alunos nos últimos 10 anos, um crescimento de 18%. Os cursos profissionais são os que mais aumentaram (63%), registando um acréscimo de 45 mil estudantes.
Nos cursos científico-humanísticos, o aumento foi de 11 mil alunos (5,8%).
PORMENORES
222 turmas com vários anos
Houve 222 turmas do 1º ciclo com alunos dos quatro anos de escolaridade no ano letivo 2016/17, a grande maioria (72%) em territórios do Interior.
Básico perde 174 mil alunos
Nos últimos 10 anos, o Ensino Básico perdeu 174 mil alunos (15,3%). O 1º ciclo foi mais afetado, com menos 95 mil alunos.
0,4% de docentes sub 30
Apenas 0,4 por cento dos professores portugueses no ensino público têm menos de 30 anos. No ensino privado, esta percentagem é de 6,2%.