O primeiro-ministro afirmou nesta segunda-feira que o Presidente da República e o Governo desejam uma conclusão rápida das investigações ao caso de Tancos e advertiu que ninguém compreenderia se, no final, o processo terminasse sem se esclarecer o crime.
António Costa assumiu esta posição sobre o caso do roubo de armas em Tancos, perante os jornalistas, após ter presidido à sessão de abertura da Venture Summit, no Convento do Beato, em Lisboa.
O primeiro-ministro começou por salientar “a confiança” no poder judicial e, em concreto, na Polícia Judiciária, a entidade a quem está a cargo a investigação, deixando depois uma mensagem: “Esperamos que tão depressa quanto possível faça a investigação que aguardamos”.
“O senhor Presidente da República, aliás, não se tem cansado em expressar publicamente a sua ansiedade e o Governo, naturalmente, deve ser mais contido em expressar a sua ansiedade, mas não é menor. Acho que ninguém compreenderia em Portugal é que, relativamente a este crime, não se chegasse ao final da investigação punindo quem deve ser punido e esclarecendo tudo o que deve ser esclarecido”, salientou António Costa.
Para o primeiro-ministro, “não é possível procurar-se criar uma névoa política sobre aquilo que é a actividade das autoridades judiciárias”.
Mas, neste ponto, António Costa foi mais longe, criticando “teorias conspirativas bastante absurdas, como procurando ver qualquer confrontação entre o Presidente da República e o Governo sobre esta matéria, quando, quer um, quer outro, têm tido uma posição absolutamente convergente desde o primeiro dia”.
Antes das referências ao poder judicial, o líder do executivo procurou centrar qual a missão do Governo após ter sido conhecido o roubo de armamento na base de Tancos.
Pela parte do Governo, de acordo com António Costa, assim que houve conhecimento de falhas de segurança na Base de Tancos, o anterior ministro da Defesa, Azeredo Lopes, “ordenou a aquisição de equipamento que não tinha sido anteriormente instalado”.
“Após o assalto [em Tancos], foi feita uma verificação em todos os paióis e realizada pelas Forças Armadas uma operação de grande risco, mas que foi muito bem sucedida, no sentido de se proceder à transferência integral de todo o material para novos paióis. É isso que compete ao poder político”, acentuou o líder do executivo.
“Total convergência”
O primeiro-ministro afirmou estar em “total convergência” com o Presidente da República no repúdio sobre tentativas de partidarização e de envolvimento das Forças Armadas “em jogos de poder” na sequência do caso de Tancos.
No domingo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, declarou que não será tolerado o uso da instituição militar para “jogos de poder”, num discurso na cerimónia que assinalou os cem anos do armistício da I Guerra Mundial, em 11 de Novembro de 1918.
“Essas palavras [de Marcelo Rebelo de Sousa], uma vez mais, reafirmam a total convergência entre o Governo e o Presidente da República sobre essa matéria. É absolutamente lamentável a tentativa de partidarização e o jogo político em torno das nossas Forças Armadas”, reagiu o líder do executivo.
Numa alusão às circunstâncias do roubo de armamento em Tancos, António Costa declarou que se trata “de um caso lamentável que compete às autoridades judiciárias investigar” e que compete ao poder político “respeitar e confiar nas autoridades para que levam até ao final todas as suas investigações”.
António Costa considerou “essencial respeitarem-se as autoridades judiciárias, que estão seguramente a fazer o seu melhor trabalho, para esclarecerem tudo até ao fim, doa a quem doer, como têm dito o Presidente da República e o Governo ao longo destes anos”.
“Como o senhor Presidente da República disse, é absolutamente lamentável tentar-se criar uma espécie de névoa que encubra o essencial: O trabalho das autoridades judiciárias no sentido de fazerem aquilo que lhes compete, que é investigarem o crime, identificarem e capturarem os ladrões, levarem-nos a julgamento – e também cúmplices, se os houver, ou alguém que tenha encoberto ou procurado encobrir a sua identidade”, completou o primeiro-ministro perante os jornalistas.