A RGE-April começou suas operações no Brasil em 2003, com a aquisição da BSC (Bahia Specialty Cellulose) e da Copener (Florestal) na Bahia, através da Bracell. Em agosto de 2018, a Bracell adquiriu a Lwarcel Celulose (LC) em São Paulo, Brasil. Pouco depois, tornou-se líder global na produção de celulose de madeira e celulose de especialidade, operações que são apoiadas pelo cultivo “sustentável” de eucaliptos e fábricas de última geração.
A Bracell administra aproximadamente 234.000 hectares de terra que possui, dos quais cerca de 83.000 hectares estão localizados em áreas de preservação ambiental. A Bracell tem uma capacidade de produção anual estabelecida de 750 mil toneladas de celulose e emprega quase sete mil pessoas nos estados da Bahia e São e está listada na Bolsa de Valores de Hong Kong desde 2010.
A Bracell investe continuamente em tecnologia e pesquisa para oferecer aos seus clientes produtos de alta qualidade, entregues no prazo e a preços competitivos, respeitando sempre o meio ambiente e as comunidades em todas as etapas das suas operações. Além disso, a Bracell possui modernas instalações de produção que minimizam os impactos ao meio ambiente, e a empresa está ativamente envolvida em programas de proteção social e ambiental, como plantio comunitário e apoio aos apicultores.

Com a marca Bracell, as operações atingirão a capacidade de produção de 2 milhões de toneladas por ano até 2021, sendo 1,5 milhão de toneladas produzidas na planta de São Paulo e o BSC contribuindo com mais 500 mil toneladas em Camaçari. Como um dos principais produtores de viscose do mundo, a RGE também pode avaliar a produção local de tecidos no futuro. De acordo com o vice-presidente executivo da Bracell, Per Lindblom. “Isso faria sentido. No entanto, nosso foco agora é a celulose”, disse ele em entrevista à imprensa para o principal jornal de negócios brasileiro, o Valor Econômico. A produção de celulose solúvel será exportada, especialmente para a Ásia, mas também para a Europa e os EUA.
Lindblom, que trabalha para empresas do grupo RGE há mais de uma década e agora está na fábrica de Lençóis Paulista, em São Paulo, disse que a meta atual de expansão é o mercado têxtil. Portanto, a nova linha de 1,25 milhões de toneladas por ano será dedicada à polpa viscose solúvel. Lindblom explicou que “a viscose é uma fibra natural. Acreditamos que é a fibra do futuro para a indústria têxtil”. Na Bahia, a Bracell também pode produzir celulose solúvel especial utilizada nas indústrias farmacêutica e alimentícia, entre outras.
Globalmente, o mercado de celulose solúvel utilizado na produção têxtil é de 5 milhões a 5,5 milhões de toneladas por ano, com uma taxa de crescimento anual de 3% a 4%. Quando a expansão em Lençóis Paulista for concluída em 2021, a Bracell terá capacidade de produção anual de 2,0 milhões de toneladas, ultrapassando sua rival sul-africana, a Sappi, e assumirá o domínio global do mercado.
A RGE também está investindo na expansão de sua produção de viscose na Ásia. Até 2025, a meta é atingir 3 milhões de toneladas / ano na Sateri, que atualmente produz 550 mil toneladas / ano. A RGE também é proprietária da Asia Pacific Rayon (APR), a primeira produtora de viscose integrada na Ásia, com capacidade de 240 mil toneladas / ano.
De acordo com o diretor geral da fábrica paulista, Pedro Wilson Stefanini, a linha de celulose solúvel será flexível. Em determinados momentos, como paradas de manutenção, a fábrica também pode produzir celulose Kraft de eucalipto, um produto usado na fabricação de papel. A empresa manterá as 250 mil toneladas anuais desse tipo de fibra sem conversão que já é produzida pela antiga fábrica da Lwarcel em São Paulo.

As plantações de eucaliptos de propriedade da Bracell ainda não se tornaram alvos dos ambientalistas. No entanto, a VERACEL, uma joint venture entre a sueco-finlandesa Stora Enso e a brasileira Fibria, tornou-se alvo do Forest Stewardship Council (FSC), agências governamentais e grupos indígenas em relação às plantações de eucalipto. A Mondiaal Nieuws, por exemplo, afirma:
Após o desmatamento, algo novo foi introduzido na região: o eucalipto, o novo ouro verde. As plantações pelas quais passamos são de propriedade da Veracel.
O desmatamento e um número significativo de outras preocupações continuam afetando os produtores de celulose na Bahia. Essa situação provavelmente se tornará o foco de ONGs ambientais transnacionais, como o Greenpeace, que montaram grandes campanhas negativas contra o desmatamento no Sudeste Asiático.
Por fim, não podemos fazer muito melhor do que citar o IMA, a agência ambiental baiana, que relata que “conflitos sociais e ecológicos, a questão dos povos indígenas, problemas com segurança alimentar, fuga rural e o declínio das terras agrícolas” são agravados devido a proliferação de plantações de eucalipto. É claro que o desmatamento e a prática da monocultura são motivo de preocupação em outras partes do Sul Global, de acordo com o Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais, inclusive. ‘… Chile, Colômbia, Uruguai, Venezuela e Equador; … Camboja, Indonésia, África do Sul, Índia, Vietnã, Tailândia e Uganda, entre outros, sofrem com esse problema”. Portanto, é apenas uma questão de tempo até que as operações “sustentáveis” da RGE APRIL na Bahia se tornem alvos. Como diz a Mondiaal Nieuws, as plantações de eucaliptos da Bahia só são sustentáveis no papel.